quinta-feira, setembro 20

Complexidade da loucura

(Indivíduo)perdi a razão. Demência; alienação. Extravagância; excentricidade; paixão. Temor; imprudência. Tomei de assalto meu corpo; sentei-o. Tentei respirar fundo; fui compelido a fazê-lo. Muitas coisas ou grande número de partes de uma coisa(complicação). Abrangência; estupefação. Agregando conjunto(s) de coisas ou fatos diversos (sintagmação). Periculum dicendi non recuso.(Eu)discurso para minha mente, única espectadora que entende o demente. Aqueloutro vê(alienado). Roupas, cordas, brincos, colares, sapatos, lençóis, arranjos etc., ao mesmo tempo, tudo é utilizado. (Eu)sinto o odor de alguém que conheci, agora(não conheci agora; agora sinto o odor, mesmo estando distante). Et adoncques chanta incontinent, et ne sen alla devant quelle eust congé. Ligados por um nexo. Chorei - uma triste música escutei. Ligara, vinculara, conectara. Ótimo, era. Fez-me desistir, o enredo. Tentara. Confuso, mas envolvido. Fizera. Enrasquei-me. Encontrei, olhei, gostei, sorri, abracei. It was amazing. Fechei os olhos; esvaziei-me. Ócio, ópio, ódio. Apenas uma letra, e tudo é modificado. Encurta-se a orbe. Os sentimentos, os não entendidos, os não entendíveis e todos os outros, passíveis ou não de classificação, embaraçam-se. Cortei-me; sangrei. Adormeci. A razão(único sentimento a prender-me ao chão), cortês, cedeu lugar à loucura, para ausentar-se e deixar-me abandonado. Dormência; palidez. Os olhos arregalaram-se, enegreceram-se. Último, grandioso, ato.

André Luís - Letras

terça-feira, agosto 21

Um blog afilhado

Abaixo, trecho da primeira postagem de um blog afilhado, criado por um aluno brilhante da faculdade de História da UGF. Visitem-no.
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Dissipa no ar


Definindo espaços.

Dissipar : 1.Espalhar, dispersar. 2. Pôr fim a. 3. Dilapidar. 4. Dispersar-se; evaporar-se. 5. Desaparecer.

Está assim no Aurélio - auxílio sempre presente nas horas de incerteza. Representa bem as ricas variações e interpretações, as vezes lógicas, as vezes loucas, que nos proporciona nossa língua oficial.

Mas não posso deixar de vagar: dissipando ar; disse p’a moi, desci pra noir...

Brincadeiras com o nome desse sítio que a fonética nos permite se o pensamento criativo acompanhar.

E lá vamos nós por caminhos desvendados pela língua, pela palavra, pela voz interna, abstrata, porém contundente, que se avoluma e explode em forma de sons roubados de formas pré-definidas.

A voz que grita no peito trancado, nublado como o dia cinza desta quase tarde, meio noite, de terça-feira. Uma terça freira. Que encobre a beleza do corpo da minha cidade. Que me priva dos prazeres das cores do sol, do céu, das formas lúdicas das nuvens...

Mas que não cala grunhido da fera que meu peito abriga.

Lá, no peito, em cada canto um som, uma cor, uma possibilidade.

Em cada espaço uma vaga para o sentimento que tímido se espreita em busca de habitat.

No meu peito (e no seu também) caberão tantos sentimentos quanto vierem. Por uma questão de angústia. De necessidade. De fome.

Preciso de muitas formas de sentir para pensar, para escrever, para me revelar. E em nada vale lugares vazios no peito. Espaços desocupados são inúteis e improdutivos. [leia o resto em Dissipa no ar]

sexta-feira, agosto 17

Errante

Errante


Quando eu estiver longe, na estrada

E o horizonte estiver mais perto

Vou parar, deixar o motor esfriar

Beber uma dose de vinho e respirar

Respirar lenta e longamente

Talvez um cigarro fosse bom

Droga, estou sem cigarros, mas tudo bem

Minha mente está tão limpa agora

O céu está tão claro apesar do ocaso

E os campos estão lindos

Você já viu um trigal sob o sol poente?

Parece um mar de fogo

As ondas ígneas vêm e vão num rolar infinito

Está um pouco frio e mais um gole de vinho

O mp3 descarregou, mas tudo bem

Por que eu ouço o vento sussurrando

Não poderia estar mais perfeito

Acho que não vou mais voltar!

Quando anoitecer vou deitar na grama

E adormecer com as estrelas me olhando

Lá de cima elas irão me vigiar

E eu não terei medo algum

Estrelas são os olhos de Deus

E Ele está sempre comigo

Na incerteza escura da noite

E na paz do claro céu matinal

Na dor da tristeza e no prazer do sorriso

E por tudo isso, eu sou grato a Ele.



Diego Froes

Letras - Candelária - Noite

segunda-feira, abril 23

Diário de Viagem (I)


Diário do passeio de fim de semana para Ilha Grande (na verdade, um resumão)

Data inicial: Quinta-feira, 05 de abril de 2007

Data final: Domingo, 08 de abril de 2007

Feriado: Semana Santa / Páscoa

Parte I

Sonhado vários dias antes, cuidadosamente planejado. Consultas infindas ao sítio www.ilhagrande.org. Previsão do tempo. Previsão dos gastos. Ligações e ligações. Resolvido: vamos à Ilha Grande no feriado da Páscoa. Terceira tentativa de um, primeira do outro. Aquele convidou uma terceira pessoa que conhecia a ilha por ter ido algumas vezes ao local. Em cima da hora, ela desistiu. Fomos os dois, rumo ao desconhecido. Ficaríamos na casa de um colega de trabalho, por este morar mais próximo do lugar onde teríamos de ir. Centro da cidade do Rio de Janeiro, dezoito horas e trinta minutos. Saímos. Passamos numa loja de mantimentos. Em seguida, embarcamos no ônibus que levou-nos a Campo Grande; eu, como de costume, todo enrolado pra carregar uma mochila e uma bolsa de viagem com minhas tranqueiras guardadas! Vinte e tantas horas, chegamos. Algumas horas depois, esperando na rodoviária, decidimos partir, eram vinte e duas horas e outros tantos minutos. O plano não funcionara. O ex-colega de trabalho deixou-nos na mão. Procuramos informações sobre como proceder para chegarmos a Mangaratiba, local de onde parte a barca para a ilha. Depois de alguns minutos caminhando e perguntando, conseguimos embarcar no ônibus para Itaguaí, a van que apareceu antes não faria outra viagem para lá, e fomos informados que teríamos de ir para Itaguaí e de lá para Mangaratiba. Última condução de Campo Grande até Itaguaí. O despachante informou-nos que provavelmente conseguiríamos chegar a tempo de embarcar no último ônibus da linha Itaguaí x Mangaratiba, às onze horas e quinze minutos. Chegamos exatamente na hora em que o ônibus daria sua partida em direção a Mangaratiba, nosso objetivo. Entramos. No meio do caminho, uma pequena confusão. O ônibus lotou. Lote de pessoas espremidas umas nas outras. O mau humor quis tomar conta do ambiente. Palavras soltas transbordavam em todas as direções. Umas brincalhonas, outras extremamente esdrúxulas. Todas ficaram engraçadas. Um acidente deixou-me perplexo: uma Kombi virada de cabeça para baixo na estrada, e, graças a Deus, todos os passageiros intactos, até onde meu senso pôde perceber. Longa viagem! Finalmente chegamos a Mangaratiba. Ao sairmos do ônibus escutamos uma voz anunciando uma barca que estava partindo naquele momento para Vila do Abraão, porta de entrada da Ilha Grande. Mijamos e pela quarta vez consecutiva embarcamos numa condução. Ajeitadas as bagagens, assentamo-nos na embarcação clandestina, que não demorou muito a partir. Viagem tranqüila, a não ser pelas quase viradas do barco, em que a água ameaçava entrar...e pelo condutor, que não sei de onde ele tirou a idéia de atracar na praia! Quase tivemos que descer do barco para empurrar, ainda bem que deu tempo de ele “acordar” e contornar a situação, atracando no píer, o local ideal!(talvez tenha sido o cheiro da marola de maconha que rolou no meio da viagem a afetar o cérebro dele). Algumas horas passadas e avistamos nosso objetivo maior: a ilha. Madrugada de sexta-feira; e para completar a situação a vila estava sem luz. Breu e escuridão eram o que tínhamos pela frente. A falta de conhecimento do local fez-nos andar em busca do abrigo: o camping. Sem o endereço, fomos tentar achar, mas antes fizemos uma pequena pausa para sentar e comer algo. Caminhamos até uma pequena ponte e resolvemos perguntar para o vendedor de hambúrguer, o qual apontou-nos a direção do Santana’s Camping, muito atencioso. Fomos recepcionados e direcionados à barraca que abrigaria-nos. Sorrimos e depois de todo o empenho empregado para chegar ao local, descansamos. Antes de descansar, o banho acompanhou-me. A mesma roupa, meia e tênis do dia inteiro de quinta-feira ainda encontrava-se pendurada no meu corpo, clamando insistentemente para deixá-lo. Após o merecido e esperado banho, o sono. Colchonete posto, tranqueiras guardadas. O travesseiro foi o atrativo principal daquele momento.


]: André Luis, Letras, CAN/noite, 2º período :[

domingo, abril 15

Uma Festa


A chegada. Lugar sóbrio, formal. Grandes portas de vidro levemente escurecidas impedem a visão nítida do lado de dentro, e abrem-se automaticamente ao pararmos defronte, gentilmente convidando a entrar, mostrando a grandiosidade e o charme do local com um interessante, antigo e raro caminhão elétrico enfeitando o caminho.

Ao adentrarmos, começamos a ouvir a música contagiando o ambiente de confraternização. Música que embala a dança. Esta que movimenta o corpo conforme o ritmo daquela, combinando harmonicamente o conjunto de braços, pernas, sorrisos e abraços com o dos violões, pandeiro, cavaquinho, cuíca, não esquecendo das vozes.

No palco, o cavalheiro conduz a dama. Compasso marcado, passos afinados, cuidadosamente elaborados. Até os mais desajustados “brigam” entre si, na tentativa de acertar o ritmo.

Descontração, alegria, euforia. Ninguém é baixo ou alto, gordo ou magro, forte ou fraco, de uma etnia ou de outra. O aroma da felicidade envolve todos, indiscriminadamente.

A dama de preto imprime outro significado à cor, que nem de longe lembra o luto. O gorro engraçado e brilhante marca o estilo do cavalheiro. A de lilás e o seu par não se importam em errar o passo, ao não se encontrarem. Aliás, o erro não existe, dá lugar à tentativa não concluída. Braços ao alto. Pernas que se cruzam, descruzam, uma atravessa a outra, e paralelam-se para logo em seguida dar um passo pra frente e outro pra atrás.

De início a música era tocada por um aparelho eletrônico. Depois ela foi conduzida de forma humana, ao vivo, carregada de emoção. As mãos batem e dedilham, enquanto a voz é aumentada pelo microfone. Novos integrantes são adicionados ao grupo, acrescentando sons inéditos.

A visitante que chegou tímida foi envolta pela emoção e mostrou habilidade dançante, anteriormente negada ou reduzida.

O visitante assistia contido, acompanhando a batida com o pé, que não desrritimava. O sorriso estampava facilmente o rosto, a todo instante. A dança trouxera boas lembranças. No fim, ficou o gosto de quero mais.

André Luis :[ 2º período, Letras CAN/noite ]:

sábado, março 31

Not for Sale

Gitarač critica algumas mulheres que ficam com homens só pelo dinheiro.

Para ser liberal não é preciso se vender.

Pelinja é uma forma de passar para a fonética croata uma palavra que para mim é sinônimo de "bost"

Not for Sale

Pelinja says:

C'mon girl stay with me

I' ve got all that you need

I've got more than 9000 greens

Biggest concentration of #50 I've seen

So what are you waitin' for

Come on and be sure you´ll have way more


Suzana says:

I'll tell ya why I'm waitin' for

Hey you stupid I'm not a whore

I don't want your money you dumb

I want love do you have some

Oh no another one of those men

Nothing against receiving gems

But only this is not enough

Material dreams fail without love

Do you know what I'm talkin' 'bout

I have my bucks too so get out


Go away rich dad's son

I don't want your money you dumb

I want someone who gives me protection

And specially who gives me affection

If I wanted fun I'd party with my fans

But now I want a serious man

Not one who tries to buy me

If you told me I'd let you try me

But you've been bad and don't deserve it

You stupid don't you know you've hurt me


If I wanna have fun

I'll have some

I am not for sale

Don't say what you don't

You won't hear what you don't want

I am not for sale

You won't buy me with pearls

You won't buy this girl

I am not for sale


Pelinja says:

C'mon girl don't be fool

I'm sharin' all with you

Lots of greens for your delight

I can see the bright in your eyes

So what are you waitin' for

Come on and be sure you'll have way more


Suzana says:

I don't care 'bout you have but what you feel

Could seem a beautiful pair but it ain't real

How can a piece of paper worth so much

People lose their minds for a few bucks

In beginning you think she's likin' you

A few weeks she can't stop fightin' with you

The end you know I don't need to tell you how

It won't be good there's still a doubt

But now is late your soul have been sold out

Just a few weeks and it's all over oh wow


Money

The more they have it

The more they want it

The less they have it

The more they want it


Pelinja says:

I have it too but all I want is you


Suzana says:

If I wanna have fun

I'll have some

I am not for sale

Don't say what you don't

You won't hear what you don't want

I am not for sale

Dollars won't buy me

This collar uh just let me try it

But I'm not for sale

I ain't I ain't gonna change my mind

Not even a test drive



Carlos Eduardo Andrade Lima

A solidão e a Covardia

Escondidas na sombria vida estamos eu e você

Solidão e covardia, que bela dupla fazemos

Será que voaremos nesses nossos momentos

E mesmo que voemos, será sempre esse vôo cego.

Casal da diferença que se parece. Dupla do tato!

Nas noites, na cama, quando nos deitamos

Nos procuramos e num embate de corpos candentes de fúria

Desejo te ver, te sentir, mas dá um medo, covardia.

Não consegue enxergar a oportunidade do novo dia.

Santa paz? Que nada! Santa agonia, santa paciência. Que espera!


Eu me afundo num negro mar de omissões, saudades e submissões, solidão.

Essa sou eu, esse sou eu. Fadado ao desprezo, num desvelo

Noites de vela em busca de apenas um toque seu.

Sem juízo, sem remorso, mas não há solidão sem culpa, sem ódio

Meu trágico destino, mas por quê não dizer nosso?

O que dirão de semelhante par?

Longe estou para saber, fora da órbita normal, sozinho

Certamente o mais lindo par do mundo, embora seja na minha opinião

Par de vagabundos, desnudos, fracos, estúpidos, sem vida, sem escúpulos

Mas ainda em noite que não clareia o nosso amor nos incendeia.

28.03.07

12:07 (noite)

João Claudio de Lima Júnior

Pra alguém não tão especial

Sou só mais uma, das que você

diz tudo bem? e vai embora

Diz-me amor e joga fora?



Mais uma das que caíram na sua

(nesse jeito de gostar que insinua)

que apenas lamenta que não tenha

visto, que sereis meu é uma lenda

que nem se eu for perfeita te

conquisto.



Uma das muitas que te quis mas sabe

que amar sozinha não é o tipo

desejado de felicidade.



Por isso tenho coragem digo a você

um dia serás apenas saudade mesmo

quando eu te ver e sentir-me tentada

a largar-me da realidade, a perder-me

outra vez em teus sonhos.



Amar você seria perder meu completo juízo

abraçar-me de vez a insanidade afinal de contas

você ainda não me disse...o que fomos na verdade?



Ana Carolina F de Paula.1° período - história

Fora de controle

Ela me carrega para onde não quero ir

Todos os dias, incansavelmente, manifestação

Do que a loucura quer viver, frustração

Pela prisão onde a mantenho quieta; fugir

Tento eu conceber; sobriamente, assisto

Enquanto ela se debate, num misto

De agonia, tormento, sofreguidão


O apelo é forte, encontra o ponto fraco

Nessa luta de forças, a derrota quase

Encontra o caminho da vitória, fase

Em que tudo parece perdido; estaco

Esperando, desolado, o resultado da batalha

Travada, sanguinária, que retalha

E traz a mim o que deixei para ela

André Luis :[ Letras, 2º período, CAN/Noite ]:

domingo, março 18

Pré-Erupção


"Bip, bip, bip"…

Meu pensar

Infinidades e infinitudes

Elocubrações enfermas

Pressão no centro do peito



O pensamento doesn't stop

O pensamento can't stop

É vento de brisa, mansinho

É chato, doente, é frio.



Pensamento é como seu pai

É a face oculta do homem revelado

Dos olhos e da boca gotas escorrem

Vermelhas, quentes, são lavas



Vulcão adormecido no peito

Enquanto isso apenas lágrimas salgadas

Intocável, indolor, cerrado

Resultado de crostas de antigas dores



Até quando oculto estarás?

Olhe para os quadros de Kahlo

Sua vida, sua dor, sua arte

Até quando te esconderás?



Nessas linhas começa a estremecer

Nos versos se há de mostrar

A morte, o poeta, o vulcão a explodir

Muita gente vai partir



As fronteiras vão se estender...

"Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip"
Joao Claudio de Lima Junior

A palavra que se repete

O amor é olhar e ver, sentir e pressentir

Sem nada dizer, tudo se entender

O verdadeiro se compreende, atende aos desejos

Até a alguns meio sórdidos.

O amor se preocupa, se ocupa do banal, do trivial

Faz coisas insanas, chama atenção, chora

E ri, ri de gargalhar, de fazer cair no chão

Também se lamenta. Ah! E como se lamenta!

O amor não é só isso, não pode ser

coisa abstrata, ingrata e incondicional

O amor trabalha com homens, humanos

Homens, humanos, são burros, somos muito burros!

O amor precisa entender, que ele precisa mesmo é

Simplesmente dizer.

É necessário fazer, mostrar, pedir, jogar na cara

O amor precisa parar de se repetir.

Para o amor não tem fórmula

O melhor é não ter regras,

Mas é preciso ter ética,

Mas o que será a ética do amar?

Será que o amor se esgota?

Não sei, para o amor nem há respostas

Só sei que essa palavra se repete e ninguém a entende

Já não sei se quero entender, mas quero um amor que não me deixe mais sofrer.

João Claudio de Lima Júnior

Metástase

Olhos fechados. Dei as costas para a vida, não quero ouvi-la respirar. O mundo tem estado em ruínas por estes dias, lentamente as paredes e o céu desmoronam e as cinzas se espalham pelo ar. Desabando a cada segundo, a cada grão que cai na ampulheta. Desmontamo-nos de nossos restos de suspiros, pulsações e alegrias tristes. Nossa máscara pálida e manchada não esconde mais o interior pútrido de nossa natureza.

Olhamos para o céu cinzento, pela janela sem vidro que embaça ao arfar de nosso hálito ácido. Nos trancafiamos em nossas torres com nossas trancas enferrujadas, pintando nossos anseios com o pó dos escombros de nós mesmos. Perde-se o que nunca se teve, escorrendo pelos dedos como areia e desfazendo-se ao vento como vapor. Nos atiramos em fogueiras, mas a carne não queima, apenas por dentro secamos, um deserto desbotado e tão silencioso quanto uma repetição de estrondos que se perdem no eco. A garganta se contorce com as entranhas, o coração atrofiado, mesmo assim se espreme, dilata e bombeia essa fumaça negra. Qual é a pergunta? Qual é a resposta? Olhe no espelho trincado bem dentro dos seus olhos opacos e procure. Tudo que está escrito é verdade. Na verdade, a verdade não existe.

Acho que meu presente caiu. Caiu no abismo e se quebrou.



Su, Letras, 1º Período, Candelária

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Cântico de Morte

Possuir-te-ei

Meu braço te paralisará

Consumir-te-ei

Meu canino te sugará

Dizimar-te-ei

Minha força te destroçará

Arrependimento não te salva

Minha querida Dalva!

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