quarta-feira, janeiro 31

A criança e a escolha

Essa semana deparei-me com uma cena que despertou meu filosófico pensamento – não querendo ser presunçoso, já o sendo! Estava eu distraído (como sempre) em mais uma das minhas andanças, dessas caminhadas por longos trechos de asfalto, quando captei, sem querer, uma conversa – não particular – entre quatro pessoas. Eram três mulheres e uma criança, uma menina. Ao passar do lado delas ouvi uma das mulheres oferecer à pequenina duas opções geladas para amenizar o calor: um picolé ou um guaraná – na verdade ela pronunciou o nome da marca do guaraná, mas não o descreverei aqui para não fazer propaganda – acentuando, na fala, que teria de escolher somente uma das opções. A pequerrucha, aparentando ter dois, no máximo três anos de idade, miudinha, mirradinha e de aparência frágil, pensou alguns (poucos) segundos e retrucou: “Qual que você vai querê?”, em resposta à pergunta da mulher adulta, a qual respondeu de pronto: “Eu vô querê picolé!”; ao ouvir a resposta, a pequenina não pestanejou e soltou: “Então quero o guaraná!”(...)

Depois de mais uns três passos, pensei: esperta; escolhendo o guaraná poderia ter os dois, uma vez que a adulta não deixaria de atender a um pedido dela para experimentar o picolé!

Mas será que foi realmente essa a intenção?”, perguntei-me. Tão desprovida de recursos maliciosos, de intenções elaboradas, de conhecimentos delineados. As crianças são realmente incríveis, fascinantes. Não obstante, continuei, sem esperar para confirmar meu pensamento.

O que consumiu minha mente logo após o ocorrido é que às vezes recebemos igual imposição da vida: ou escolhes a opção A, ou a opção B. Pensamos, pensamos e pensamos. Optamos por A e perdemos B. Optamos por B e deixamos A. Pensamos, pensamos e deixamos de perceber que escolhendo B, poderemos desfrutar também de A; ou escolhendo A, poderemos experimentar também de B. Ou ainda optamos por apenas um devido ao orgulho, à precipitação, ao egoísmo. Voltemos à inocência! (pelo menos em alguns aspectos).

André Luis - Letras - 2º Período.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

você escreve muito bem
nossa,seu texto prende e nos faz ler até o final
muito bom ^^

4:29 PM  
Blogger cosmesousa said...

Muito legal, André. As crianças são mesmo imprevisíveis; ainda mais, hoje em dia, estão cada vez mais inteligentes; Voce me fez lembrar um fato diferente, mas que nao se trata da inocencia das crianças ou de suas perspicácias. Dia desses fui à padaria, saí de casa com a quantidade certa de pães que consumiríamos no café da manhã, éramos três, haviam dois amigos me visitando e compraria o dobro, então seis pães seria o ideal. Fiquei com aquilo na cabeça; Circulei pelo setor dos laticíneos, os frios e finalmente entrei na fila do Pão. Para minha surpresa, antes que minha antecessora da fila abrisse a boca, a atenedente já estava com o pacote de seis pães nas mãos, mas, a Senhora à minha frente retrucou: "Mas não te pedi essa quantidade de pães, só levarei quatro". Minha idéia fixa por 6 pães era tão forte que acredito que o ocorrido não foi coincidência, foi um ato ocasionado pela força do pensamento. Ela estaria fazendo aquele pacote para mim?

4:58 PM  

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