domingo, dezembro 3

Despertar


Antes do amanhecer ensolarado daquele dia, Adriel Voughlie ocultou-se em seu seguro refúgio.

Quando a noite apoderou-se do tempo, Adriel despertou e foi em direção ao lugar onde deixara Ricardo repousando. Ao entrar no cômodo, notou que Ricardo tentara levantar, mas não tinha força para fazê-lo; estava visivelmente pálido, cansado, os olhos meio fechados, respirando com dificuldade, fazendo enorme esforço para ficar de pé; quando percebeu não estar mais sozinho, levantou os olhos e viu um vulto caminhando em sua direção.

Aproximando-se dele, Adriel ajudou-o a sentar, apoiou a cabeça dele na parede da cripta e o soltou; Ricardo estava com a visão levemente embaçada, porém conseguiu enxergar o que Adriel acabara de fazer e ficou apreensivo: perfurou, com cuidado, dois pequenos orifícios em seu próprio pulso, iniciando um gotejar de sangue, e levou em direção à boca de Ricardo, que estranhou de início, mas ao sentir o cheiro do sangue penetrar em sua narina, arregalou os olhos e uma expressão prazerosa apossou-se de seu rosto. Sentiu-se faminto e uma força inexplicável nasceu de dentro dele, instigando-o a alimentar-se do que lhe estava sendo oferecido.

Ricardo, apoiado sobre os joelhos, fitou diretamente os olhos de Adriel como quem pede permissão para executar uma ação e este consentiu apenas com um discreto gesto, um aceno com a cabeça. Ricardo entendeu como um sim e segurou o antebraço de Adriel com as duas mãos, como um caçador segurando sua presa, e o conduziu até sua boca seca. Assim que começou a beber do sangue, Ricardo sentiu-se extremamente bem: um prazer inenarrável, uma força surpreendente. Enquanto preso ao pulso de Adriel, sugando aquele néctar que o revigorava, Ricardo começou a se levantar, os olhos bem abertos, uma expressão de saciedade brotando em seu rosto, seu corpo novamente forte.
(André Luís - Letras - 1º período - Candelária)

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ótimo, André!
Quando vêm os próximos episódios?
Mal posso esperar!Não deixe de escrever!

Abraços,
Diego Froes

11:59 AM  
Blogger cosmesousa said...

muito legal esse texto; A cena está bem descrita, com detalhes que não deixa dúvidas; Uma cena primorosa, o espanto, a satisfação o silencio que diz muito.
Cosme Teixeira

4:43 PM  

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