Um pouco de Hilda Hilst
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
(II)
* * *
Descansa.
O Homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias.
(Via Vazia - VIII)
(Amavisse - São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.)
1 Comments:
"A mim me fotografo nuns portões de ferro Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima No dissoluto de toda despedida".
Achei interessante essa colocação sobre a despedida, como se fosse uma anulaçao, diluída no universo do mar da despedida? seria isso?
Cosme Teixeira Sousa LEITURA E PROD TEXTO I -1ºP/NOITE/CANDELÁRIA
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