sexta-feira, dezembro 8

Um pouco de Hilda Hilst

Para quem não conhece, Amavisse:

Como se te perdesse, assim te quero.

Como se não te visse (favas douradas

Sob um amarelo) assim te apreendo brusco

Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,

A mim me fotografo nuns portões de ferro

Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima

No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações

Ou contornando um círculo de águas

Removente ave, assim te somo a mim:

De redes e de anseios inundada.

(II)

* * *

Descansa.

O Homem já se fez

O escuro cego raivoso animal

Que pretendias.

(Via Vazia - VIII)

(Amavisse - São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.)

Fonte: Site oficial de Hilda Hilst

1 Comments:

Blogger cosmesousa said...

"A mim me fotografo nuns portões de ferro Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima No dissoluto de toda despedida".
Achei interessante essa colocação sobre a despedida, como se fosse uma anulaçao, diluída no universo do mar da despedida? seria isso?
Cosme Teixeira Sousa LEITURA E PROD TEXTO I -1ºP/NOITE/CANDELÁRIA

4:34 PM  

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